
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos
nas suas mãos apertadas...
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo nas folhas do cajueiro...
tem voz de noite descendo de mansinho pela estrada.
... Que é feito desses meninos que gostava de embalar?
Que é feito desses meninos que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias que costumava contar?
...Mãe-Negra não sabe nada.
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo,
Mãe-Negra...É que os meninos cresceram,
e esquecera mas histórias que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão de voltar!
...Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaços,
bem quieta, bem calada
...É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo de mansinho pela estrada...
interprete: Paulo de Carvalho
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